A representação amórfica das criações do artista, está presente no resgate de ideias que nem sempre fizeram sentido. Numa poética autobiográfica, as formas, cores e construções imaginárias sempre povoaram a mente inquieta, sem direcionamento, marcada por medos, segredos, sensações, culpas, desejos, especulações e descobertas solitárias.
Nascido em Raul Soares, interior de Minas Gerais, em 1975, Wagner Vidal atravessou a infância/adolescência com uma sensação constante de não-pertecimento e não-merecimento, confrontando a dor de ser quem é, com um sistema socio-familiar-religoso ao qual foi submetido por meio de “ameças”, impostas pelo medo construído, da fantasia do “errado” e do abominável.
Ao longo da tempo, a costura e desconstrução das cicatrizes foram possíveis após um grande esforço em entender que é permitido ousar e objetificar as lembranças de um passado “destrutivo”. As figuras presentes em suas obras, nascem para expor fragilidades, denúnciar manipulações, protestar contra mentiras contadas, sob o viés do dualismo filosófico/religioso (coexistência irredutível do corpo e do
espírito, do bem o do mal. O confronto permanente entre forma e matéria, essência e existência, aparência e realidade).
Um grito permanente, por clamor libertário/poético, indispensável para o início de um possível entendimento sobre estar, buscar, perceber, entender, denunciar e viver.
A luta indivual se ampliou, para apontar e criticar o cenário comum às minorias, reprimidas, silenciadas e mutiladas por um sociedade histórico-global branca, religiosa e patriarcal.
Fonte: Atelier de Artes Wagner Vidal
Fotos: Divulgação / Arquivo do Artista